O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (7) que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, precisa adotar uma visão global quando se trata de questões ambientais, especialmente no que diz respeito ao Acordo de Paris. Em uma declaração à CNN Internacional, Lula foi questionado sobre a possibilidade de Trump abandonar o acordo climático e destacou que, como líder do país mais rico e tecnologicamente avançado do mundo, Trump deve considerar os impactos das ações dos Estados Unidos para o planeta como um todo.
“Eu acredito que o presidente Trump precisa pensar como um cidadão do planeta Terra. Ele é o governante do país mais importante, mais rico e melhor preparado do ponto de vista tecnológico e bélico. Ele deve ter a consciência de que os Estados Unidos estão no mesmo planeta que eu e que qualquer outra nação, por menor que seja, como uma ilha de 300 mil habitantes”, afirmou o presidente brasileiro.
Lula também enfatizou a importância de todos os países assumirem sua responsabilidade na preservação do meio ambiente, defendendo que o aquecimento global não ultrapasse o limite de 1,5°C, conforme estipulado pelo Acordo de Paris. “Precisamos garantir que os rios continuem limpos e saudáveis. É essencial que os biomas de todos os países sejam preservados. Esse compromisso é meu, não só como presidente do Brasil, mas como um ser humano que vive neste planeta chamado Terra. E não existe outro lugar para morar, apenas a Terra”, afirmou.
A declaração foi dada em entrevista à CNN Internacional, cuja íntegra será transmitida na sexta-feira (8). Um trecho da entrevista já foi divulgado pela emissora.
Durante seu primeiro mandato, Donald Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, um pacto global assinado em 2015 para limitar o aquecimento global. No entanto, o país voltou a fazer parte do acordo em 2021, sob a presidência de Joe Biden.
Em uma entrevista no dia anterior, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também comentou sobre o possível retorno de Trump à presidência e os impactos para a questão climática. Ela destacou que o mundo está trabalhando para evitar retrocessos na agenda ambiental, mesmo que alguns líderes, como Trump, apresentem resistência a essas questões.
“A governança global na área ambiental hoje é robusta. Mesmo em períodos difíceis, como durante o governo de George W. Bush, houve avanços nas negociações climáticas. Estamos empenhados em evitar retrocessos e trabalhando para impedir que o planeta chegue a um ponto de não retorno”, disse Marina.
A ministra também ressaltou que, sendo os Estados Unidos o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, após a China, o país tem uma responsabilidade significativa na luta contra as mudanças climáticas. “Os outros países terão que trabalhar ainda mais para compensar um país que, eventualmente, não queira fazer sua parte?”, questionou Marina, ao ser perguntada sobre as implicações da eleição de Trump para o futuro da luta contra as mudanças climáticas.